quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Luzes




toda a minha visão,
todo o meu olhar,
todas as minhas mãos e pés
foram pra ti
que me fizeste luz
quando abri olhos

água, sal e terra
do mundo,
estou

pulso
no vermelho
do insone coração

abra os teus olhos
há luz em mim

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Pretérito Presente Perfeito


Então, o tempo foi aquele que se fora.

Presente,

Neste passado que passou.


O que fazer com a tua passagem,

Presente constantemente em meus olhos?

O que fazer com o beijo, beijado, guardado

Mil vezes lembrado?


Falar novamente o que já se falou?

Beijar novamente o que já se beijou?

Acabou.

É passado que passou.

Tuas bocas na minha, quente... entre meus dentes...

Teu sussurro, sussurrando...surtando... em minha mente

Tua orelha em meus lábios,... cálidos...

O seu coração... Ah, ...!

E o meu coração?...

E se eles parassem, voassem por momentos...

Em oração lembrasse das antigas batidas?

E voltasse a bater por nosso ritmo...

...cadenciado

Amado...

...Calado...


Beijos, beijos, beijos...beijos, beijos e beijos...

Depois, sorrisos, sorrisos, risos e sorrisos...

Nos olhos, olhos, olhos nos olhos, olhos... nus


Vozes do passado

Perfeito...

...Mais que perfeito.


2007,Junho,01.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Aventura Imaginária

Que aventura imaginária eu vivi na infância?

Na meninice imaginava-me muito falante. Tratava de ficar só em um quarto e começava a falar com pessoas imaginárias. Até mesmo com imagens de pessoas reais. A estes espectros contava meus sonhos, meus desejos, fingia algumas vezes, tentando ser a criança que eu não era. Muito bom ser bailarina, médica, empresária, cantora, atriz!!!

Se aparecia alguém, em um piscar de olhos a cortina do meu palco descia, tão rápida quanto o medo que de que alguém me visse delirando:

- Tá ficando doida, é? Perguntavam. Ou eu me perguntava?

Hoje, minhas aventuras são apenas imaginárias.Vividas? Só quando sobram tempo e coragem! Hoje não sei falar só. Tenho medo dos fantasmas que me ouvem e das palavras que saem da minha boca, que ditas nunca mais ficarão mudas.

terça-feira, 20 de março de 2007

Sem hora







O meu coração é um bater de sangue.

Um pulso

Um rito
Um ciclo
Um ritmo
Uma seta
Uma meta

Sem reta

Sem meta
Sem seta
Sem ritmo
Sem ciclo
Sem rito

Num pulso

Um bater de sangue
O meu coração é

Meu amor,
Em qual tempo chega?

segunda-feira, 5 de março de 2007

Dito em Palavras

As lágrimas caem:
Pedras
em
coração
desarmado.

Espedrifiquei-me.
Deixou-me antes de saber
Que o quero.

Perdoei-me.
Não temos culpa
por eu ter me apaixonado

quinta-feira, 1 de março de 2007

Poema para hoje




Como em um espelho,
gostaria de ver-me refletida
na face do outro e de poder refletir
a sua imagem também. Quero-o como
a um poema sem dor. Onde poderia andar
de braços abertos por essa estrada de
fio eterno.Quero poder puxar a linha
A linha desse novelo. Desse
sempre novo modelo que
é chamado de amor

domingo, 11 de fevereiro de 2007


Da Poesia



Perderão o sentido, - as coisas,
Se eu não as der sentido
Se eu não tiver sido

Sem tê-los tidos, os sentidos
Ficarão sem sentido, - as coisas.
Pobres coisas!
Sem sentido!
Se eu não as tiver sentido perderão o sentido

Sentido
Senti sem ter ido
Para onde?


sábado, 10 de fevereiro de 2007

O Ofício




O ofício


A folha incessante do ofício está posta
Uma insistente máquina de escrever ainda resiste
Como as batidas de um coração antigo e ultrapassado
Sob as mãos titubeantes de uma iniciante
Tac, tac, tac da antitaquicardia
As horas, vez em quando, param no tempo
Marcam os momentos de um dia que nunca anoitece
De um amanhã sem hoje
Responsável pela ordem das datas
E uma insistente máquina de escrever ainda resiste
Como as batidas de um coração antigo e ultrapassado
Sob as mãos titubeantes de uma iniciante
Tac, tac, tac da antitaquicardia
Enquanto isso, o sol acinzenta-se dentro das salas pálidas
Já está protocolado no ofício do ofício
Que “tempo é dinheiro”
Não há nada mais para se pensar
E uma insistente máquina de escrever ainda resiste
Como as batidas de um coração antigo e ultrapassado
Sob as mãos titubeantes de uma iniciante
Tac, tac, tac da antitaquicardia



Luciene Danvie

domingo, 4 de fevereiro de 2007

O Silêncio da Boca


O silêncio da boca



Em face de um espanto.
Um desencanto.
Num canto sem som e sem pranto.
Só silêncio e manto.


Não sei fazer poemas de amor.
Não sei nem rimar a dor.
Como nos sonetos dos folhetos.
Melhor o silêncio.

É ausência
E falta o gosto
Das minhas palavras
Na folha muda como o silêncio sem gosto,
Sem lágrimas e lenços.

Hoje eu não amo.
Sou mar na madrugada,
Coração batendo cego e escuro.
Tenho medo

Luciene Danvie