domingo, 11 de fevereiro de 2007


Da Poesia



Perderão o sentido, - as coisas,
Se eu não as der sentido
Se eu não tiver sido

Sem tê-los tidos, os sentidos
Ficarão sem sentido, - as coisas.
Pobres coisas!
Sem sentido!
Se eu não as tiver sentido perderão o sentido

Sentido
Senti sem ter ido
Para onde?


sábado, 10 de fevereiro de 2007

O Ofício




O ofício


A folha incessante do ofício está posta
Uma insistente máquina de escrever ainda resiste
Como as batidas de um coração antigo e ultrapassado
Sob as mãos titubeantes de uma iniciante
Tac, tac, tac da antitaquicardia
As horas, vez em quando, param no tempo
Marcam os momentos de um dia que nunca anoitece
De um amanhã sem hoje
Responsável pela ordem das datas
E uma insistente máquina de escrever ainda resiste
Como as batidas de um coração antigo e ultrapassado
Sob as mãos titubeantes de uma iniciante
Tac, tac, tac da antitaquicardia
Enquanto isso, o sol acinzenta-se dentro das salas pálidas
Já está protocolado no ofício do ofício
Que “tempo é dinheiro”
Não há nada mais para se pensar
E uma insistente máquina de escrever ainda resiste
Como as batidas de um coração antigo e ultrapassado
Sob as mãos titubeantes de uma iniciante
Tac, tac, tac da antitaquicardia



Luciene Danvie

domingo, 4 de fevereiro de 2007

O Silêncio da Boca


O silêncio da boca



Em face de um espanto.
Um desencanto.
Num canto sem som e sem pranto.
Só silêncio e manto.


Não sei fazer poemas de amor.
Não sei nem rimar a dor.
Como nos sonetos dos folhetos.
Melhor o silêncio.

É ausência
E falta o gosto
Das minhas palavras
Na folha muda como o silêncio sem gosto,
Sem lágrimas e lenços.

Hoje eu não amo.
Sou mar na madrugada,
Coração batendo cego e escuro.
Tenho medo

Luciene Danvie