sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Tela


abro as janelas brancas da minha casa azul

para receber a noite.

longos braços debruçados cá dentro.

gosto da brisa quieta da minha rua:

- olha! lá vai ela, fechando as portas das casas.

“trouxeste a chave”?


abro as janelas brancas

para ver as árvores na calçada

para ver o céu que a lua apaga

onde estarão os pássaros à noite?

ouço asas.


abro a minha casa azul

lá fora há olhos estranhos

aqui dentro estou eu:

fecho as janelas.

à noite, o mundo respira devagar...

cansado ou agradecido?



5 comentários:

O Renascimento da Vênus - Mamafrei disse...

Posso me repetir? Lindo, maduro, sinestésico, imagético...você conseguiu descrever uma das inúmeras visões da “Mulher na Janela” que há em casa uma de nós. Adorei as cores impressas que impressionam. E então, já descobriu onde estão os pássaros à noite?. Uma dica: lendo ou escrevendo versos como esse...rsrs

Bjos , menina cujo silêncio não fala, grita.

Wescley J. Gama disse...

lu, assim que entrei no blog essa imagem dessa menina me levou a uma viagem por todos os meus medos e fantasias. Imagem arrebatadora, impressionante. Um olhar misteriosíssimo.
aí depois eu li seu poema e ele é exasperante, surreal, lindo demais. essas imagens aí são digna de uma Iracema Macedo e de uma Iara Carvalho. ou seja: vc está no caminho certo. Lindo demais. Seu estilo está muito bem afinado. originalíssimo. estou sem mais palavras para falar. essas imagens cotidianas como abrir uma janela e olhar uma árvore na rua são arrepiantes colocadas dessa sua forma encantadora. dá uma vida profunda a tudo isso. vc é muito especial. obrigado por ser minha amiga! rsrs. parabéns por esse lirismo profundo e lindamente artístico. escreva mais. escreva. um XÊRO!!

mariamenina disse...

tens a chave tu???
silenciosa, sorrateira, esgueirando-se por varandas e sonhos, levando à multidão um lirismo estalado na ponta de seus dedos...assim é Lu, e essa poesia linda. confesso que fiz uma releitura de Cecília Meireles ao ler essa linda poesia.

Beijos

Iara Maria Carvalho disse...

Ai Lu! Que lindeza ter o privilégio de compartilhar dessa sua Janela que pesca o mundo com tanta sofisticação e, ao mesmo tempo, tanta simplicidade. Porque é você, elegante e simples, altiva e bela, uma das mais doces aquarelas que vem surgindo, sorrateiramente, na poesia potiguar.
Fico honrada em vc e wescley considerar um poema lindo desse como sendo uma releitura de minha poesia.
Tem muito do que você é nesse objeto de arte que criou. Mas tem tudo da humanidade também.

Um beijo de quem te ama muito!

Iara

José Luis disse...

Oi, Luciene.

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